Tiquinho comemorando gol pelo Botafogo
De cara, o jogador chama atenção logo pelo nome, parece até que os pais fizeram questão de homenagear outro craque do futebol brasileiro e mundial surgido no bairro das Rocas e que foi o primeiro e único potiguar a disputar uma Copa do Mundo: Marinho Chagas. O nome de batismo de Tiquinho é Francisco das Chagas Soares dos Santos. Um paraibano de Sousa, que chegou em Natal ainda criança para morar com a família no bairro de Felipe Camarão sem saber que seguiria caminhos muito parecidos com o da "Bruxa".
O destino quis ainda que esse Francisco das Chagas também brilhasse no Botafogo, mesmo clube que Francisco das Chagas Marinho (a Bruxa) ajudou a projetar na década de 70. A única diferença é que Marinho chegou ao clube carioca ainda como um garoto cheio de sonhos, enquanto Tiquinho chegou como um jogador feito, aos 32 anos.
Nascido em 1991, o atacante teve como sua primeira grande conquista nas bases, o vice-campeonato potiguar de 2008, uma competição onde não teve que lamentar, porque se deixou de comemorar o título, pelo menos saiu dela como o grande artilheiro. Este terminou por ser um cartão de apresentação para que pudesse dar o passo final e se transformar num profissional do futebol. Fato ocorrido com a transferência para o América-RN, onde não teve muita chance para aparecer pelo fato de disputar a vaga com Adriano Magrão.
Baltazar Filho que acompanhou o florescer de Tiquinho no Palmeiras, não sabe o motivo pelo qual Tiquinho não teve tantas oportunidades no América. O jogo de estreia dele no clube foi de chamar a atenção.
Primeira conquista como jogador, foi no Palmeiras das Rocas
"Em 2009, pelo Estadual, o América estava com dificuldades para regularizar Adriano Magrão e Tiquinho foi relacionado. Lembro como se fosse hoje, ele entrou em campo ainda garoto, com o América perdendo por 1 a 0 para o Potiguar. No pouco tempo que teve para mostrar o seu futebol, Tiquinho meteu duas bolas na trave e ainda fez o gol de empate. Daí em diante ele não foi mais escalado", disse.
Desde então começou a saga do garoto de infância pobre e difícil atrás de ganhar a vida e ajudar a família dentro da carreira que resolveu abraçar. Depois do Alvirrubro, Tiquinho passou pelo Botafogo-PB, CSP-PB, Caicó, Visão Celeste, Cerâmica, Veranópolis, Pelotas e Lucena no Brasil, no ano de 2014.
Neste mesmo ano, na abertura da janela de transferências internacionais, o atacante iniciou sua jornada no exterior. O primeiro clube em Portugal foi o Deportivo Nacional. Na sequência, em 2016, atuando na divisão de elite portuguesa, foi para o Vitória de Guimarães e já em 2017 chegou ao gigante Porto.
Em 2020 ele se aventurou pelo futebol chinês, onde defendeu o Tianjin Teda, onde fez apenas sete jogos e rescindiu o contrato. De lá foi para o Olympiacos, na Grécia, e em 2022 chegou ao Botafogo.
Tiquinho encontrou muitas adversidades pelo caminho dentro do futebol, mas foi perserverante e conseguiu chegar ao topo "Essa ascensão de Tiquinho no futebol não me surpreende. Sempre acreditei no potencial dele e sempre acreditei que ele seria um atleta para atuar no futebol europeu. Acredito que ele ainda vai brilhar mais no futebol brasileiro. Enfim chegou a grande chance", comemorou Baltazar Filho. O atleta chega ao ápice da carreira lembrando que o caminho trilhado por ele foi difícil, mas ressalta que como um bom sertanejo conseguiu persistir e vencer.
"Quem deseja um dia chegar a ser um jogador tem de estar preparado para superar todas as barreiras que todos sabem que existem dentro do futebol. No meu caso tive de batalhar e ser muito perseverante para chegar onde estou", disse.
Ele recorda que quando se transferiu para o América, chegou ao clube como uma promessa e não teve a oportunidade que desejava. "No Brasil, acho que mais no Nordeste, jogador da casa não ganha oportunidade, eles não dão valor a prata da casa e acredito que isso contribua para o futebol local ficar um pouco a baixo se comparado com as demais regiões", salientou. "Além de não jogar, no América eu ficava treinando sempre a parte. Apenas quando resolvi ir para o CSP a minha carreira começou a pegar rumo".